Já tinha ouvido esta história enquanto fiz parte da organização das Moças,é realmente incrível que existam coisas na vida que não temos como dizer o quanto significam.
Realmente a família é tudo, e saber que somos eternos é ainda melhor.
Amo meu marido lindos e meus pimpolhos.
"Tudo começou no primeiro domingo de março. Será que foi mesmo? Acho que não podia ter sido no começo, porque Carina, Emília e eu éramos amigas inseparaveis. Fosse nas comemorações de aniversário, nos programas da Primária, nas equipes da escola e depois quando saiamos juntas com nossos namorados, nossas personalidades imensamente diferentes, de algum modo, pareciam completar-se e fomos práticamente inseparáveis durante 15 anos.
Depois do colegial, entretanto, as coisas começaram a mudar em nosso alegre trio. Carina e Emília moravam com os pais e frequentavam a faculdade, ao passo que eu morava há 3 horas de distância, numa faculdade estadual, com 5 estranhas. Depois de passarmos tanto tempo juntas, não achamos que alguns quilômetros poderiam afetar a nossa amizade. Logo, porém, descobrimos...
Percebi que a comunicação especial que tinhamos desaparecera, e fiquei surpresa quando abri a correspondencia certo dia e encontrei um convite de casamento de Emília. Mais surpreendente ainda foi a ausência da palavra templo no convite.
Fui para casa naquele fim de semana e visitei Emília. Conversamos - Conversamos da maneira quase esquecida de tempos atrás. Ela conhecia Thiago havia apenas 2 meses, mas ele era o rapaz mais bonito, inteligente e popular da universidade. Estudava odontologia, e os pais já tinham concordado em ajudá-los financeiramente, de modo que não teriam problemas. Após a formatura dele, gracejou Emília, tudo que teriam de fazer era sentar-se e contar o dinheiro.
Começara novamente a me sentir unida a Emília, quando subtamente me encontrei dizendo em voz alta que o convite não mencionava a cerimônia no templo.'Bem, não podemos', disse ela, com uma atitude petulante que mal ocultava a preocupação que sentia.'Thiago é batista, e, além disso, desejamos casar no clube a que seus pais pertencem e compor as palavras de nossa própria cerimônia matrimonial. Um casamento deve ser algo realmente pessoal e significativo e não um monte de palavras iguais. Um dia Thiago aceitará a igreja, mas mesmo que não o faça, meu pai não é membro da igreja e isso não impediu minha mãe de ser ativa. Também Não vai me impedir.'
Quando Emília terinou seu pequeno discurso bem ensaiado, sua atitude de desafio havia novamente criado uma barreira entre nós. O que eu poderia dizer? Depois de mais alguns minutos de conversa desajeitada para tentar disfarçar o embaraço, despedi-me.
Três semanas mais tarde, assisti ao casamento de Thiago e Emília no clube. Ao contrário do que eu esperava, foi um acontecimento impressionante, embora nada religioso.
Ambos leram poesias um para o outro como cerimônia matrimonial, enquanto uma flauta tocava suavemente um fundo musical. Depois houve baile e foi servido um ponche de frutas a nós, mórmons, e champanha aos demais. Os pais de Thiago eram super-ricos, podia-se notar, e haviam planejado a festa. Estavam delirantemente felizes com sua nova nora (também um pouco devido a champanha). Notem, porém, que a mãe de Emília estava com os olhos vermelhos e inchados - como se tivesse chorado muito. As mães são assim mesmo - principalmente quando se trata de sua única filha.
Para minha surpresa, Emília continuou ativa na igreja. Apesar de todos os seus trabalhos de escola e deveres de dona-de-casa, comparecia fielmente às reuniões e servia como bibliotecária assistente. Ela e Thiago moravam em um apartamento na área de nossa Ala e eu a via com frequência. Sempre me contava coisas maravilhosas sobre a vida conjugal e como Thiago era bom para ela. 'Que vida boa'eu pensava.
Seis meses depois, Carina casou-se com um ex-missionário que estava terminando o mestrado em educação. Casaram-se no Templo de Logan, e eu naturalmente não pude assistir a cerimônia, mas compareci à recepção oferecida no salão cultural de nossa capela. Foi realmente linda...
Continuei a ver Emília, que vinha para aIgreja radiante e entusiasmada com tudo o que fazia. 'Não temos problemas, costumava dizer. 'Ele é realmente muito liberal.
"Vá à sua Igreja que eu vou a minha". Só que ele nem vai na dele. No fundo de minha mente , porém, eu podia vê-la quando eramos mais jovens; orando para que seu pai, que não era membro da igreja, pudesse batizá-la, imaginando se ele a levaria a festa da primária de pais e filhas, tentando fingir que não fazia diferença se ele ia jogar futebol em vez de comparecer à sua formatura no seminário. A infância, porém, é uma parte tão curta da vida! No cômputo geral das coisas, que diferença faz?
Carina e Emília, ainda fazendo as coisas paralelamente, tornaram-se mães de duas menininhas com uma semana de diferença. Levei um vestido cor-de-rosa para a filhinha de Emília e apaixonei-me completamente por ela. A mãe de Carina me disse certo dia na Igreja que ela , Davi e a filhinha, Melissa, chegariam em março para mostrar o bebê e abençoá-lo. O avô e os três tios corujas, irmão mais velhos de Carina, participaram do círculo.
Então chegou o primeiro domingo de março...
Encontrei Emília e a criança no saguão da capela no momento que cheguei. Era a primeira vez que ela ia à Igreja depois do nascimento de Júlia. Conversamos e depois entramos na capela. Emília e a mãe sentaram-se na fileira que ficava em frente à minha...
Da quarta fileira, contando de trás para frente, onde me encontrava, pude vislumbrar, através de inumeras cabeças e ombros, Carina e seus famíliares ocupando um dos bancos centrais...
Depois que terminamos os hinos e anúncios, após o sacramento, o Bispo Eduardo chegou ao púpito e disse; 'Hoje temos um acontecimento especial. Sei que muitos de vocês conhecem Carina Campos desde pequena'. Emília olhou para mim e assentiu, sorrindo, mas voutou-se rapidamente quando o bispo continuou a falar. 'Pois bem, hoje Carina, agora Carina Vieira, trouxe sua filha para receber um nome e uma benção, dada por seu marido. No círculo de portadores do sacerdócio estarão seu pai e irmãos'.
Ao observar Davi pegando a filha dos braços de Carina e levando-a quase que reverentemente para a frente, pude ver também Emília. As lágrimas enchiam-lhe os olhos profundamente azuis e escorriam-lhe pelo rosto, caindo sobre a cabecinha de Júlia. Seus ombros sacudiam-se violentamente, ao baixar a cabeça e apertá-la de encontro ao pescoço do bebê. A mãe de Emília colocou o braço ternamente sobre os ombros da filha que soluçava. Pude notar que ela também chorava. Emília olhou para ela e ouvi sua pergunta desesperada: 'Oh mamãe! Quem vai abençoar meu bebê?'
'Eu a abençôo, Melissa, com corpo e mente sadios', ouvi Davi Vieira dizer, 'para que você viva dignamente e um dia encontre um filho escolhido de nosso Pai Celestial, que honre o sacerdócio e a leve ao templo do Senhor, a fim de serem selados para a eternidade.'
Durante a benção e o transcorrer da reunião, o xale do bebê absorveu as lágrimas de Emília.
E agora, embora já se tenha passado um ano... sempre... que vejo uma mãe e um bebê sozinhos, sinto um aperto no coração. Continuo a ver Emília."
(Carolyn White Zaugg, "I Keep Seeing Emília", New Era, junho de 1975, pp. 26-29.)
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